Thinkers

blog de uma rapariga sem estilo

24.2.10

Strawberry Cheesecake

e quando ela começa a erguer os muros destruídos da sua cidadela, o chão treme, a estrada rui e o céu cai. num ápice temporal não existe nada mais que o negro bréu, o vácuo onde qualquer som se sente impedido de se propagar, e os seus olhos de menina, as suas esmeraldas líquidas, toldam-se por um véu que nunca se viu chegar.
ela senta-se no lugar onde não há chão, anseia desesperadamente pelo ar que não chega e procura consolo no vazio, de onde dificilmente chegará.
está repisada. os olhos secos que prometeram não chorar, não são justos com o seu peito sem ar. continuam secos, apesar de todo o sufoco.
ela morre.
eu olho-a de cima. sofro por ela e sofro com ela. as naúseas invadem o meu estômago, mas continuo a vê-la de cima e combato o desejo de me unir a ela, de ser ela.

queima-a. consome-a. corrói-lhe o sorriso. e eu não vou ser assim.
não me vou tornar no papel queimado e sem vida que ela é, nem me vou deixar envolver no seu tição.

por mais que queira... por mais que queira cair no seu masoquismo prasenteiro, no prazer da sua dor que a deixa vazia... por mais que se afigure como o caminho mais fácil, não vergarei os joelhos que me sustentam.


[se todos os momentos se assemelhassem a isto, o Mundo seria um lugar melhor.]